No dia 17 de fevereiro completei meu décimo sexto ano de vida. Vida. Esse foi o primeiro presente que eu recebi, o primeiro e o mais importante de todos, o único que não posso enxergar, descrever, tocar, sentir o perfume ou o sabor. O presente que Ele me deu, e que me permitiu receber todos os outros presentes: enxergar todos os sorrisos sinceros daqueles que desejavam minha felicidade, descrever toda a alegria que muitos me proporcionaram, tocar a terra e abraçar as pessoas queridas, sentir o perfume da chuva e das flores e o sabor das comidas deliciosas que minha mãe prepara.
O mais estranho de tudo é que você cresce sem perceber. Não falo apenas fisicamente, mas em amadurecimento psicológico, emocional. Pensar que eu chorava quando tinha fome quando era bebê, ou o quanto perturbei meus pais e parentes com perguntas basicamente sem sentido e até mesmo como sequer falava com algum conhecido que vinha me cumprimentar, por pura timidez. Tudo isso é absolutamente estranho para mim agora, porque fazia parte da realidade de uma Mariana de 1, 4 e 6 anos de idade.
Já perceberam como é difícil se acostumar a dizer uma idade nova? Podemos ter milhares de pessoas ao redor que possuem esse mesmo tempo de vida, contudo passa a ser um número completamente estranho para nós, pois àquele número diz respeito aos outros. É como se nossa consciencia demorasse a perceber que mais um ano se passou.
Esse ano especificamente, me deparei com uma situação que determina uma mudança brusca no meu cotidiano: estou no último ano escolar. Ah, a confusão que é o Convênio. Sua perspectiva de vida no seu primeiro dia na escola, quando você é apenas uma criança que malmente se dá conta da própria existência, é de que o colégio será sua vida durante toda a eternidade. Mas ao chegar no ponto em que estou, você chega à conclusão de que todos esses anos foram como aquele trabalho que você deixa para a última hora. Os anos passaram e o "dia da entrega" parecia muito distante, depois de um tempo as pessoas passaram a avisar que esse dia chegaria em breve, até que simplesmente você chega à vespera desse dia.
Esse meu ano de vida de número 16 representa essa véspera. Passei muito tempo pensando em como foram os anos que se passaram, mas agora o que mais me chama atenção são os anos que ainda virão. Se Deus permitir, em meu próximo aniversário comemorarei não mais como estudante de ensino médio, mas como universitária.
Imaginar os passos que eu dei ou os degraus que subi durante todo esse tempo é mais estranho ainda. O quanto eu mudei, mesmo sem transformar minha essência (porque essa sempre continuará a mesma). As pessoas que passaram na minha vida! Nossa, foram muitas. Quem me conhece mais sabe que mudei de residência algumas vezes. Muitas amizades ficaram pra trás, muitas eu mantenho até hoje. Conheci também alguns "amigos", que me fizeram passar por algumas encrencas.
São dezesseis anos resumidos em milhares de horas ouvindo música, muitas tardes ocupadas por livros, uma eternidade de momentos em família, toneladas de risos entre amigos de verdade, alguns problemas que me ensinaram milhares de coisas, litros de situações mais que especiais vividas nesse tempo de colégio e, principalmente, um mundo inteiro de sonhos para embalar os meus dias.Aos meus amigos e familiares só tenho a dizer que todos esses momentos foram construídos com a ajuda de vocês, que me ensinaram muito sobre a vida e me ajudaram a enfrentar várias barreiras. E vocês (e quando digo "vocês" aqueles a quem me refiro saberão quem são) são as pessoas que quero ter sempre ao meu lado, durante "n" aniversários que ainda virão. Muito obrigada :)